sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cedo ou tarde, sempre voltamos

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É estranho como esse blog transmite fielmente meus sentimentos. Quando tenho ódio, meus textos são mais perigosos que um cão raivoso. Quando estou apaixonado, essa página fica mais melada que criança com chocolate. Quando estou feliz isso daqui parece uma manhã primaveril. E, quando estou recluso, introspectivo, preocupado com meu caminho ou angustiado, as coisas aqui ficam como eu: silenciosas.

E no silêncio o blog ficou por muito tempo. Talvez porque eu tivesse que estudar para o vestibular, talvez porque eu tivesse provas na escola, talvez porque eu sentisse que muitas coisas iriam mudar, talvez porque eu simplesmente não quisesse escrever.
Não importa.

Muitas coisas mudaram desde a última vez em que postei algo aqui. Lembro-me do dia como se ainda fosse hoje. Chovia, eu estava feliz. Hoje está frio, e feliz não é um adjetivo que usarei para essa noite.

Começar uma vida nova numa cidade nova está sendo uma experiência tão única, tão intensa, que até outro blog surgiu disso, o 3 folhas. Porém, prometi a mim mesmo que jamais abandonaria o Meu estranho mundinho insano. O sinto como se fosse um filho, ou uma parte de mim que deposito na internet a cada vez que deixo minhas palavras aqui registradas.

Quando criei esse blog, pensava em falar sobre mim. Porém, comecei falando sobre coisas, depois sobre pessoas, sobre literatura, sobre o mundo. E então me perguntava: "onde estou eu nessa história? Não deveria ser afinal, o MEU estranho mundinho insano?"

Talvez essa também tenha sido uma das razões do meu afastamento. Talvez não. Isso também não importa.

O que importa é que, percebi que não falando de mim, eu escrevia exatamente sobre meus sentimentos e opiniões. Eu me escondia entre adjetivos e adverbios, exclamações e pontos finais, acentos agudos e circunflexos

E talvez por finalmente ter entendido de que maneira estou inserido e faço parte desse blog, é que senti uma necessidade muito grande de voltar a habitá-lo, e a dividir com quem quiser ler, minhas experiências

Experiências essas que eu mesmo já achei bem entediantes no passado, mas que tenho certeza, de que a partir desse texto, não serão mais

I´m back, e dessa vez, para não mais partir.

Retornando de muito distante

Mesmo tendo ficado tanto tempo longe, eu não me esqueci do Meu estranho mundinho, e decidi retomar as atividades por aqui hoje.
Então, vou começar postanto um miniconto antigo, creio eu que seja de 2007, ou 2006, uma época em que eu ainda sonhava com inúmeros futuros e tinha muito tempo livre para escrever.

O amor deles é o título desse texto. De quem é o amor, não sei. Pode ser seu se quiser, eu dou o total direito de pegá-lo emprestado.


O Amor deles

Os dois desceram as escadas juntos, um mal reparando na presença do outro. Não sabiam, mas ambos seguiam para o mesmo lugar; seria o destino ali agindo?Logo eles entraram num corredor vazio, então notaram-se pela primeira vez. Observaram-se e avaliaram-se pelos cantos dos olhos; sabiam que um fazia o mesmo que o outro, e isso agradava-os.Detiveram-se então à porta de um velho apartamento, um notando a intenção do outro; mantiveram-se imóveis.Trocaram então olhares, e sorriram. Naquele momento já estava feito, mas eles não sabiam.Uma terceira pessoa apressada abriu caminho entre os dois entrando no apartamento; eles seguiram-na.Já não importava o porquê de estarem ali, um queria apenas conhecer o outro, e nada mais.Conheceram-se por fim, e apaixonaram-se. Sim, pois a paixão precede o amor, se houver amor é claro.A paixão é como um bebê, e o amor é o adulto, se a criança sobreviverá aos contratempos do caminho, ninguém pode saber.Mas nesse caso a paixão sobreviveu, e tornou-se amor.Mas não foi fácil, pois o amar nos dias de hoje quase não é permitido. Perdeu-se o verdadeiro sentido do que é amor.Amor é amor. Independe de opinião, aprovação ou aceitação. É apenas o singelo e maravilhoso amor.Mas aos dois não foi permitido amar. Diziam-nos imcompatíveis, não acreditavam naquele sentimento, e como era de se esperar, deram-lhes as costas.Mas o amor falou mais alto. Eles amavam-se e era isso o que realmente importava, era apenas os dois e nada mais fazia sentido na vida.Amaram-se então, sozinhos mas juntos. Deixaram para trás todos aqueles que lhes criticaram, esqueceram-se daquela vida vazia que levavam, pois para os dois a vida começou naquela tarde quando mal haviam notado um ao outro.O amor enfim venceu! E as pessoas finalmente acostumaram-se aos dois, não aceitavam aquele sentimento, mas respeitavam-no.E era apenas isso que eles desejavam: Liberdade para estarem um ao lado do outro, e respeito, para seguirem seu caminho com dignidade.