quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Madonna, Britney e Gaga - Porquê agora?


Quando criança, minha mãe costumava me dizer "que tudo tem seu tempo". Eu, teimoso como devia ser, não concordava com suas palavras; hoje posso ver que ela estava certa.
Lady Gaga a cada segundo que se passa sobe mais e mais nas paradas de sucesso de todo o mundo, solidificando sua carreira e mostrando a todos que ela, sim, veio para ficar. Mas porque agora?

Há quase três décadas (sim, já faz um bom tempo) Madonna surgia no cenário musical norte-americano. Poucos naqueles seus primeiros anos poderiam prever que ela se tornaria a Rainha do Pop, e que passado três gerações, seu poder ainda seria enorme. Mas como toda rainha, Madonna também tem seus dias contados, e na linha de sucessão muitas princesas já ambicionaram seu trono.

Britney Spears por muitos anos foi a mais cotada, sendo apresentada ao mundo como a sucessora da grande senhora da música Pop. A Princesinha desempenhou por longos anos muito bem seu papel, tornando-se uma das personalidades mais importantes e influentes do fim do século XX e início do século XXI.

Mas, apesar de tudo, o destino parece ter brincado com a vida de Britney, colocando-a num carrinho de Montanha-Russa, derrubando não só a personalidade Spears, mas também a mulher, esposa e mãe que existia atrás dos flashes e capas de revistas.

Britney acertou em muitos quesitos. Foi paciente, não competiu com Madonna (como muitos fazem com a senhorita Spears), encantou as massas, agradou os críticos (até o inagradável Perez Hilton), chocou, escandalizou. Tudo como o manual previa.

Mas eis que surge, no fim da primeira década do século XXI uma nova voz potente, um rosto diferente, um estilo alucinante e um cabelo loiro como o de todas as outras aspirantes à Rainha de alguma coisa. Lady Gaga é seu nome, e suas referências à cultura Pop dos anos 80 vão além do seu título.

Essa mulher que ousa em suas letras, choca em seus beijos gays e deixa qualquer um invejoso de seu guarda-roupas é a mais nova herdeira do trono Pop. Mas o que torna Gaga apta a reinar e o que desqualifica a princesinha Britney?
A resposta é simples: A época.

Lady Gaga é a cara do mundo pós 11 de setembro, do terceiro milênio. Ela é tudo aquilo que sonhávamos para o século XXI quando ainda crianças ansiávamos um futuro prateado. E Gaga foi capaz de combinar todos os signos que representam a nossa sociedade em sua arte.

Seja no excesso de cores, no brilho exagerado, na constante presença do dourado e do prata. Ou em seus clipes em clima de delírio noturno (que Salvador Dali invejaria), nas letras que cantam sobre a vida que qualquer um gostaria de viver, ou até mesmo nas melodias dançantes de suas músicas que embalam nossas noites de Sábado.
Sim. Lady Gaga é uma mulher de seu tempo.

Madonna já vinha anunciando um mundo como o nosso há anos, e dessa forma ajudou-nos a enxergar uma saída do século XX, iluminando-nos o caminho.
Britney Spears, por sua vez, atuou como a parteira (desculpem-me pelo exemplo) da nova era que estava por vir. Agindo como uma ligação, um elo, uma ponte pela qual pudéssemos atravessar entre o velho e o novo, preparando-nos para o que logo chegaria.

Ela rompeu o último entrave da música Pop. Sua queda nos anos de 2006 e 2007 devem ser vistas não como uma derrota, mas sim como um grito de vitória dolorosa. Sua cabeça raspada e sua peruca rosa (um luxo de peruca aliás) gritaram ao mundo: "Acabou, e que comece o século XXI".

Gaga assim surge como a responsável pelo novo mundo que por vinte anos veio sendo tecido e desbravado pela rainha e pela princesa. E a corte, finalmente se completa.
Rainha, princesa, e agora, Lady. Todas responsáveis pela perpetuação dessa linhagem magnífica que nos presenteia com seus sons e hábitos que invejamos e imitamos todos os dias, pois eles representam tudo aquilo que queremos ser.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O que não pode se levar

Escreveram meu nome numa folha de papel. O Vento veio e a levou.
Restou então apenas a lembrança.
Havia um nome, havia letras bagunçadas, meio sem sentido. Havia uma intenção.
Mas o vento veio e também a levou.
Restou agora apenas o desejo.
O sentimento.
A vontade e a realização.
Que o vento também levou.
Restou o vento então, cheio de si por tudo ter levado, por nada ter deixado pelo caminho. Por ter ficado sozinho.

Sozinho...

O Vento não podia se levar...

João reatador de nós - Call me iff you need

Escrevi isso do ponto de vista de uma amiga, por isso não reparem o eu lírico feminino. =)
João reatador de nós! Cobro baratinho, prometo xD


As palavras que fogem de mim se refugiam no desespero da expectativa de um amanhã solitário. Saí da escuridão sem você, e desde então caminho na sombra de sua ausência.

Perdida nos embalos de nosso louco amor me deixei envolver pelo doce aroma de palavras fáceis e lascivas. E você dançou comigo a valsa de uma mentira, trilhando o caminho da ilusão que nos conduziu à escura noite. Eu sozinha, você também. Entre nós, palavras nunca ditas.

Eu tentei explicar e tentei entender. Mas a noite ainda era longa, e o abismo entre eu e você crescia com as sombras da dor da solidão, a dor da separação.

Tentei dizer que aquilo era amor, que era paixão. Mas seduzido por outras palavras você se deixou levar por novas mentiras, e por outros caminhos seguiu. E eu ainda sozinha na profunda noite de solidão.

E lutei, e gritei, e eu te amei. Nós lutamos, gritamos, nos amamos.
E foi como a primeira vez, como o primeiro dia de nosso amor. Inocente como uma criança ao nascer, doce como só você sabe ser, claro como o surgir de um novo dia.

Mas o amor não é feito apenas de luz, nele também há escuridão. Nele há dia, nele há noite, felicidade e ilusão.

Mais uma vez o escuro e o frio se aproximam, e desta vez quero estar ao seu lado, de mãos dadas para enfrentar as ameaças ao nosso louco jeito de amar. E assim atravessaremos a sombria noite que desta vez já não será de solidão. Eu dizendo palavras de amor, e você entendendo que te amo e que me amo também, pois já não somos eu e você, mas sim um só. Na noite de união.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Blá

Não estou realmente inspirado ou coisa do tipo para escrever. No entanto quero ver essas letrinhas aqui no lugar onde elas sempre devem ficar.

Eu tomei muita Coca e estou num estado meio Zumbi. Não sei se tenho sono, se estou vivo, se estou hiperativo. =O

OH My Fucking Good

sábado, 3 de outubro de 2009

Ferrou-se

E agora querem cancelar as pontuações acrescidas da nota do Enem na Fuvest, Unesp e Unicamp.

Não há o que se comentar.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

E a Olimpída é nossa...

E hoje, depois de 509 anos o Brasil finalmente consegue o direito de sediar uma Olimpíada. Legal! Legal?

O brasileiro tem o péssimo hábito de esquecer-se facilmente de fatos que deveriam ficar registradíssimos em suas mentes. Há apenas um dia cancelou-se o mais importante exame do país por suspeita de fraude, e hoje já estamos comemorando eventos esportivos como se não tivessemos problema algum para lamentar.

Nós, povo brasileiro, adoramos reclamar dos nossos políticos ladrões, de nossa Políca corrupta e vendida, e de nossas instituições que há muito perderam a ética; no entanto, poucas são as vezes em que questionamos nossa própria conduta.

Todo homem é corruptível, isso é fato, e não há Santo que diga o contrário. Mas no Brasil, essa frase torna-se tão real, tão presente, que atinge todos os níveis da sociedade. Desde desvios milionários por parlamentares, até um vergonhoso caso de venda de prova. Passando pelo clássico "jetinho brasileiro", que nada mais é do que um nome mais leve para a dura palavra corrupção.

Mas não devemos nos preocupar, afinal, temos um grandiosa olimpíada para se organizar, e sete anos é muito pouco tempo. Especialmente quando tem-se que lavar, desviar, sonegar, roubar, superfaturar, e tantos outros verbos no infinitivo para se conjugar.

A Olimpíada de 2016 pode ser a chance para o Rio de Janeiro solucionar seus enormes problemas sociais que não parecem ter fim. Mas corre-se o risco ( e que risco) de termos um Pan-Americano em proporções muito maiores. E desta vez a vergonha seria mundial.

Nosso país, como nenhum outro, sabe fazer festa. Tomemos como exemplo o Carnaval, ou o nosso Futebol, o Reveillion em Copacabana, as manifestações artísticas no Nordeste ou as expressões culturais da Amazônia. Quando o assunto é cultura, nosso país, indubitavelmente, é campeão.

Porém, nosso principal desempenho, nossa maior conquista, nossa mais brilhante medalha também é nossa maior perda, nosso vexame, nossa grande vergonha. Pois se tratanto de maracutaia, tramóia, super-hiper-mega-master-blaster-faturação, o Brasil, em larga vantagem, é ouro.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Para aqueles que sabem ler

Segunda, Terça, Quarta, Quinta e Sexta. Não importa o dia, semanalmente eu caminho à biblioteca e me vejo em meio a dezenas de corredores, entre milhares de livros. Hoje, não foi diferente, caminhei escutando música como sempre, tropecei nas calçadas desniveladas como sempre, quase fui atropelado por uma bicicleta, como sempre. Tudo estava exatamente igual.

Até que mais uma vez me embrenhei pelos corredores abarrotados de livros, e pasmem, não os encontrei lá. No lugar das capas duras, capas moles, brochuras, relíquias seculares, best-sellers, havia pessoas. Homens e mulheres, crianças e idosos, negros, brancos, índios e mestiços, todos estavam lá, balançando suas perninhas nas estantes, uns acenando, outros sorrindo, alguns meio melancólicos, outros deprimidos, e ainda havia aqueles que sequer me olhavam.

Livros são como pessoas. Eles têm tamanhos diferentes, cores diferentes, conteúdos, cheiros, ideias, sentimentos diferentes, eles têm personalidade.

Podemos recorrer aos livros nos momentos mais solitários dos nossos dias, e eles sempre estarão lá, dispostos a nos acompanhar e nos tirar da mesmice, do isolamento, nos contando histórias magníficas sobre as mais diversas e surpreendentes aventuras. Nos transportando para o mais profundo abismo, ou para a mais alta montanha.

Livros também nos procuram para desabafar. Para falar de amores não correspondidos, de vidas mal vividas, de ódio, inveja, de saudade, de paixões avassaladoras. Livros nos enxergam como terapeutas, que os analisam e apoiam incondicionalmente.

Livros nos despertam sentimentos. Seja pelos cheiros que nos fazem viajar a outro plano existêncial, seja por passagens que levam à reflexão. Eles nos fazem rir, chorar, odiar os vilões, amar os mocinhos, ou amar os vilões e odiar os mocinhos. Livros tocam nossos corações.

Ainda há aqueles livros que são como nossos melhores amigos, que não nos cansamos de gastar horas e mais horas em longas conversas. Todos temos em nossos quartos, ou salas, ou bibliotecas aquele volume que constantemente insistimos em tirar de sua capa de poeira para papearmos por coisas as vezes muito inúteis. E por mais que conheçamos o final da história, conheçamos cada vírgula e ponto final, não nos enjoamos deles, pois são como amigos que não cansamos de rever.

Livros, livros, livros...

Tão vivos quanto eu ou você. Escondidos sobre capas sóbrias e páginas secas. Prontos para se revelarem para todo aquele que souber...

Ler!

domingo, 20 de setembro de 2009

A Maquiagem e a Foto

Não sou do tipo que comenta muito nos blogs afora. Gosto muito de ler o que escrevem - e também gosto que me leiam - , e quando comento, faço um comentário a altura. E foi fazendo isso que me peguei divagando sobre um tema muito complexo: a máscara que usamos dia após dia.

O texto que li fala sobre a maquiagem de palhaço que temos de usar diariamente, a mentira que temos de pregar à cara. O conto ( é um pequeno conto) vale muito a pena, por isso colocarei aqui o link:
Escrivaminha


Eis meu comentário que se tornou um post:


Não sou muito bom em comentários, por isso evito comentar. Mas depois de ser intimidado não posso mais fugir do compromisso.

A maquiagem de palhaço me lembra muito um termo que eu uso quase que diariamente nos meus momentos de sabedoria bíblica: A foto.

Eu costumo dizer que todos nós temos nossos momentos de fotografia da família. Onde temos que por um belo sorriso no rosto, abraçarmos uns aos outros e mostrarmos ao mundo quão belo é o nosso amor, quando no fundo, temos inveja, cobiça, raiva, odiamos, amamos, matamos, roubamos, somos humanos. Somos esféricos. Não folhas de papel, secos, sem graça, sem conteúdo.
A maquiagem de palhaço que por vezes temos de usar, a foto que por vezes temos de ser, tudo isso faz parte de uma complexa relação social na qual estamos inseridos e que nos obriga, nos pressiona a sermos e estarmos como não somos e estamos de verdade.

Agora eu sou João, com personalidade, com ideias e desejos. Amanhã a tarde, ao sair para a escola serei o mesmo que agora? Ou farei parte de uma foto em que me obrigo a estar? Ou estarei sob a maquiagem do palhaço - que só faz rir - que pedem que eu seja?

O importante é ser você, mesmo que seja estranho - diz a letra da música - mas nos é garantido esse direito?

Três Quartos - Delírios de noites febris

Diferente do que eu imaginava, algumas pessoas me pediram para dar continuidade ao meu delírio da noite anterior.
O homem estava no quarto, na soleira, entre a pálida luz do corredor e o quarto escuro, empoeirado. Àqueles que quiserem entender, recomendo a leitura da primeira parte. Àqueles que já a conhecem, apenas digo para seguirem em frente.

O homem agora está no quarto, a porta se fecha para o corredor, e o reino de papel e criatividade para ele se abre.


Três Quartos - J.P.L.Campos

II

Estava escuro. Mas havia luz; pouca é verdade.Por baixo da velha porta de madeira pintada de amarelo pelo lado de fora e mantida na sua cor original marrom-avermelhada na parte de dentro, um pálido filete de luz era filtrado. A luz tinha cor de doença, a cor dos olhos de meninos pobres, a cor de tudo o que o Homem coloca para fora quando enfermo. Era algo horrível, podia-se até mesmo sentir seu cheiro difamando o templo de papel que por ali fora erguido. E que o homem admirava.

Havia uma janela no outro extremo do quarto, e estava coberta por um grossa cortina vermelha. O homem no entanto não podia saber qual era sua cor, na realidade sequer imaginava a existência de uma cortina por ali. Ele mal se notava.

E ele permaneceu de pé. Estático. Absorvendo cada detalhe do lugar, mesmo estando mergulhado na escuridão, pois não é através dos olhos que se vê, mas sim a partir de todo o corpo. A visão atravessa cada poro da pele, eriça fios de cabelo, penetra nossas narinas, dança pelos lábios, como se um amante fosse.

Havia um certo barulho mecânico no quarto. Não chegava a ser um barulho na realidade, estava mais próximo de um sussurro, como o tic tac de um relógio que tem seu som abafado por almofadas e comprimido contra o apoio mais próximo. Sufocamos o som incessante e irritantemente penetrante de um tic tac, tic tac, tic tac, mas o que desejamos silenciar, e silenciar para sempre, não é o pequeno objeto. Não. E é isso que ouço agora, Tic tac, Tic tac, Tic tac, Tic... Os ponteiros param então.

Mas no quarto, o sussurro mecânico continua; logo a atenção do homem é desviada, havia muito mais para ver. Um cheiro de comida. Seria pizza? Ou alguma outra coisa com queijo e carne. Por que sem dúvidas havia queijo por ali. Talvez o alimento já estivesse estragado, talvez vermes vivessem ali, se espalhando por todos os cantos, e talvez se procriem loucamente até que a carne já não mais exista.

Não há apenas pedaços de pizza no quarto para os vermes, há um homem também.

Isso ele ouviu. Ou de sua mente, ou das paredes, ou quem sabe de um verme sedento e insatisfeito com os restos que cedo ou tarde chegariam ao fim.

Um leve roçar em suas pernas. Ele vestia jeans, um sujo e muito usado jeans, e mesmo vestido ele pôde sentir o que quer que fosse passando rapidamente pelo vão entre seus membros. Sentiu também o cheiro, e provou um pouco de sua essência. O cheiro não lhe era estranho, o sabor... como mel e camomila numa tarde de primavera, mas no fim, um leve sabor de graxa e terra seca. Ele conhecia esse sabor. Era um misto de sussurros, de palavras já ditas e de gritos abafados e de lágrimas fingidas.

O homem se arrepiou. Não podia controlar essas reações do seu corpo. Porém nada temia. Ele apenas estava ali, atado, no quarto escuro. Escuro. Repentinamente - ou teria sido demoradamente? - ele se lembrou de algo em seu bolso, uma coisa que carregava mas que raramente usava: seu isqueiro verde.
Depois do almoço ele costumava fumar um cigarro, mas problemas de saúde o obrigaram a abandonar o velho hábito. E ele o fez.
Entretanto preservou um antigo vício: carregar o familiar isqueiro verde no bolso esquerdo da calça.

Deslizou a mão pelo jeans e meteu-a no bolso, segurou firmemente o objeto elevando-o a altura dos olhos, mesmo que nada visse. Riscou uma, duas, três vezes, uma pequena faísca surgiu em cada uma das tentativas, e nada.
Quatro, cinco, seis. E o mundo ainda era trevas. Sete, oito, nove.

E então fez-se luz.

Sensações

Cheiro de café
Cheiro de chuva
Cheiro de mato úmido

Um gosto doce na boca
Um gosto amargo no fim
Um gosto de canela também

Um leve som
Um tamborilar de dedos impacientes
Uma espera mortal

Uma suave brisa
Que a face alisa
Numa noite de amor

Uma lua branca
Num céu eterno
Um olhar fugaz

Um vestido que cheira
A café e canela
De um amor voraz

Um suspiro final
Um toque macio
Um toque carnal

Numa dança eterna
De sombras e velas
Numa roda sem fim

Cheiro de café
Cheiro de chuva
Cheiro de mato úmido

sábado, 19 de setembro de 2009

Três Quartos - Delírios de noites febris

Quando se está gripado, muito gripado, e com sono, muito sono, é facil se perder em devaneios noturnos, confundir realidade com sonhos, ou delírios febris. Dormi ao lado de um livro, acordei com outro na cabeça. Talvez ter de ficar em casa, com dor por todo o corpo não tenha sido de todo ruim, afinal, uma ideia sempre é uma ideia, seja ela boa, ou ruim.
E eu tive uma ideia!
Pensei em meu quarto, em sua personalidade, nos seus cheiros e sentidos, e pasmem: descobri que ele é muito menos estático do que eu imaginava, e muito mais consciente de si do que muitos por aí. - Será esse outro delírio febril?

Sinceramente não sei, e justamente por não saber escrevo por aqui, pois o blog pode enfim servir de instrumento revelador da realidade, mesmo não sendo ela tão real assim.




Três Quartos - J.P.L.Campos

Um cheiro de papel com um leve toque de mofo. O ar pesado como se um manto de poeira milenar ali repousasse. Um aroma de criatividade e muito sono. Assim era o quarto.
O homem que ali entrou entrara por engano, procurava por outra porta dentre tantas iguais naquele cortiço imundo. Que exalava a morte.

Disfarçadamente ele a ia fechando, antes que alguém notasse o equívoco e em problemas o metesse, tudo ali era motivo para uma boa discussão. Como quando Dona Vera recolhera o lençol da Maria do varal em dia de chuva. Apesar do favor, Maria não poupou seus pulmões de idosa e pôs-se a gritar com a outra mulher, chamando-a de ladra, puta e invejosa. Maria não frequentara a escola, e tudo o que aprendera a dizer fora nas ruas daquela cidade tortuosa, marrom-acinzentada, cor de pedra, cor de vergonha.

O homem então deu um passo para trás, mas algo o puxava de volta para o cômodo. Alguma coisa ali o fazia diferente.
Poderia ser o cheiro de papel velho que em nenhum outro lugar podia se sentir, ou o delicado aroma de criatividade, ou ainda quem sabe as pilhas de livros do século XIX ao lado da cama.

Fosse o que fosse ele se sentiu atraído, preso por aquele lugar. Então vagarosamente empurrou a porta, agora a fraca luz do corredor inundava mais da metade do quarto; pé ante pé ele adentrou o recinto tomando cuidado com o ranger das tábuas soltas do soalho. Respirou profundamente aquele aroma novo, deliciou-se com diferentes sensações, olhou para um lado, para o outro, observou o relógio velho que carregava no pulso: quase três e meia da tarde. Olhou um pouco mais. E entrou.

O homem estava no quarto.

My Super Sweet Saturday

É a gripe que a cada instante piora, é o MSN que não abre, é o simulado que não sei se terei condições de ir amanhã, é a prova de Química Orgânica na Terça, é o cansaço físico, é a dor nos ombros, é o cheiro de tudo em nada, é o gosto de nada em tudo, é o filme que está travando bem na luta do Luke contra o Lord Vader, é Märchenmond que eu não consigo terminar de ler, é a dissertação que tenho que escrever, é o remédio que já não faz efeito, é a dor de cabeça latejante...

É meu Sábado!

My Super Sweet Saturday

O capitalismo e seu lixo impensado

Produção, consumo, enriquecimento e livre concorrência. Sobre essas palavras o capitalismo contemporâneo se alicerça, e sob a bandeira desse mesmo capitalismo global as mazelas sociais e culturais nascem, crescem, e se espalham. Hoje fala-se sobre meios de produção "verdes", limpos, de baixa emissão de carbono e de outros gases poulentes, o lixo da indústria. Mas, devemos questionar se o significado da palavra lixo realmente é depreendido quando verbalizado na sociedade globalizada.

Por definição ele é tudo aquilo descartável, aquilo que não precisamos, o que é nocivo para nós. Logo à mente surgem ideias como poluição ambiental, lixo espacial, acidentes nucleares provindos de lixo atômico, lixões, que por vezes servem de centros de distribuição de alimentos aos menos favorecidos, entre outros conceitos. No entanto, preocupados com tantas formas de poluição, a humanidade se esquece do lixo primordial, o lixo cultural.

Por séculos o homem acumulou informações, acumulou sabedorias, técnicas, aprendizados, e consequentemente, lixos. O contato do homem americano com o homem europeu trouxe, sem dúvidas, muitas formas de progresso para o Novo Mundo, mecanização, especialização, filosofia, democracia; porém, há ainda outras marcas que persistem em nossa sociedade, como a exploração, desigualdade e preconceito. O lixo das ideias europeias.
No Rio de Janeiro há diversos meios de manifestação cultural, o carnaval, as artes, o samba, a arquitetura, mas, com todas as belas maneiras de se expressar, o carioca insiste em canções de depravação, de humilhação e de apologia ao crime. O lixo de nossa sociedade.

A palavra lixo, então, merece ser repensada, e as ideias de limpeza devem ir além de outdoors na cidade de São Paulo, ou da proibição de auto-falantes em algumas cidades do interior, e muito além de problemas ambientais oriundos da incessante produção capitalista. A palavra lixo deve ser associada mais do que nunca à palavra reciclagem, onde o que não for bom, o que sobrar da cultura do século XXI possa ser reaproveitado, repensado, "reculturizado", renovado.


É isso aí - ;)

17:28

Gripe tem gosto de nada, cheiro de nada, e ainda assim, se faz sentir.
Pois é, estou gripado.
E gripado permaneço aqui, entre cobertas e remédios amargos, quando deveria estar sentado em uma dura e desconfortável cadeira de madeira assinalando "X" em 5 possíveis opções.
A Fuvest se aproxima... E amanhã, com gripe ou não estarei lá, na dura ou macia cadeira, pensando em datas e cálculos.

A Fuvest se aproxima...

Mas ficar pensando nisso não leva a lugar algum, muito menos à tão anelada vaga em Jornalismo.
Jornalismo que aliás dia a dia parece se reinventar, a cada nova manhã há uma manchete diferente sobre o curso, o que me faz torcer para uma menor concorrência no fim do ano ( assim espero).

E falando em vestibular me lembrei de um texto que escrevi para a aula de redação, o tema era LIXO. Falar do lixo apenas como lixo era algo muito sem graça, por isso decidi dissertar sobre o lixo cultural. Postarei-o a seguir.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

He´s back! Hes´s back! Voldemort´s Back!

Depois de 3 eras geológicas afastado do Meu estranho mundinho insano, voltei!
Não é uma volta definitiva, afinal, ano de vestibular é uma coisa meio conturbada. Hoje, depois de muitas semanas finalmente tive uma tarde livre ( professores que viajam para a Espanha sempre são uma coisa boa). Na verdade não é uma tarde realmente livre, afinal, muitos me esperam em livros abertos: Marie Currier, Thomas Hobbes, Adam Smith, Calvino, Isabel, Gauss.... e todos os outros que ansiosamente me aguardam nos dias 15 e 22 de novembro.

O blog se tornará então algo semanal, ou não. Tudo dependerá do meu bom ( ou mau) humor, da minha disposição ( ou da falta dela), e da posição de Marte no céu.

Nesse pausa dramática de aproximadamente dois meses assuntos e mais assuntos se acumularam, e quando tudo tenta passar por uma passagem apertada nada sai, é como uma centena de pessoas se espremendo numa minúscula porta de metrô: ninguém entra, ninguém sai.

Mas isso não é nada realmente preocupante, cedo ou tarde, todos conseguem se organizar, e atravessam ordenada ou desordenadamente aquela porta metálica que fica aberta por muito pouco tempo ( isso é um protesto - Portas de metrô devem permanecer abertas por mais tempo), e o mesmo ocorre com as ideias. Eles se apertam, se comprimem, e no fim... se libertam.

Mas por hora, continuarei a escutar The Power of love - Oomph! ( não, não é uma música romântica), e viajarei pelas perigosas guilhotinas da Revolução Francesa, pois uma certa mosquinha, mestranda de História na USP me contou que esse será um dos possíveis assuntos da segunda fase em história.

Liberdade! Igualdade! Fraternidade! - e Guilhotinagem também!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nas noites de Terça

E quando a tristeza bate à porta e parece se instalar
Nada nos resta fazer
Além de esperar...

E como tenho esperado. Uma longa e difícil espera de 6 meses onde não vejo a luz no fim do túnel - se é que esse túnel tem fim -, nada enxergo à minha frente além de dor e sofrimento.

As vezes me esqueço que a tristeza tem habito meu coração, mas em noites como as de hoje, ela me faz lembrar de quão viva ela está e por que eu permiti ela entrar.

Agora só me resta sentar, admirar a paisagem e esperar.
Até que a tristeza decida daqui se retirar.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O mesmo filme

Esses dois últimos dias têm corrido sem nada especial.

Sem pensamentos,
Questionamentos,
Ideias ( sem acento),
Ou momentos interessantes...

Meus dias estão como meu estado de espírito: vazio, quieto, sonolento e indeciso.

Acho que tenho pensado demais em algumas coisas como por exemplo o que prestar na Unicamp ou como encarar minhas provas específicas de segunda fase, ou como estudar ( estudar de verdade ) a tal da matemática.

Tenho estado cada vez menos tempo na internet pois sei de minhas obrigações e sei que faltam 3 meses pra Fuvest. 3 meses...

E ainda preciso decidir quais faculdades federais escolherei para o Enem, que apesar de mais próximo, não me assusta. Especialmente depois daquele simulado liberado pelo MEC. Se o Enem for daquela maneira, será tranquilo.

Apesar das férias da gripe não tenho descansado, minha mente não tem descansado. E o mais pesado de tudo isso é saber que essas sensações são só o começo. O começo do segundo semestre.

O começo de um longo filme ( que só acabará em janeiro ) que vivo uma vez mais...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sonhos, verdade e realidade


Neo: Meus olhos doem.
Morpheus: É porque você nunca os usou.



Muitos olham para fora procurando as respostas que não estão em outro lugar senão dentro de si mesmos - e não entendem.

Outros têm medo de olhar - seja para onde for - e se culparem por nunca terem tentado se libertar das cordas que os manipulavam - marionetes - por nunca tentarem desafiar seus medos ou lutar por seus ideais. Estes nunca sonharam

Há aqueles que olham, observam, mas ainda assim se escondem nas escolhas obvias de outros. Se acomodam às regras, às atitudes de todos, às tradições ultrapassadas, à mentiras mal contadas. E nunca se satisfarão, pois encenarão o teatro de suas vidas - vazias e sem cores - por toda a existência.

Os piores são aqueles que escondem quem na verdade são, temendo não serem aceitos numa sociedade que desaprendeu a aceitar. Num mundo de preconceitos. E estes, a cada dia se condenam mais e mais à eternidade da frustração.

Alguns olham, observam e enxergam. Mas se perdem na busca de suas verdades - perdidas - pois de certa forma já se deixaram influenciar pelo seu mundo de imitação. Já se moldaram - afundaram -à personalidade do vazio - vazia - é tarde.

Poucos, muito poucos, ao olharem - seja para o céu, seja para dentro de si mesmos - choram. Pois não são escravos de suas limitações e de seus temores, e sim os utilizam como força e motivo, vontade e coragem para vencê-los, para enfrentar seus obstáculos.

E esses poucos não terão tempo de se orgulharem de suas vitórias, de suas batalhas, de suas lágrimas e de seu sangue. Não poderão descansar ao sétimo dia, pois ao olharem para o lado entenderão, que além deles, ninguém mais vê.


Quem você é...
...Neste momento?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Distorção

Momento "vamos ser poeta?" do dia.

Se isso é para o Rafael - e como ele quer que seja pra ele - ou para a Ana - como ela espera que não seja - ou se for para você - está livre para adoção - não importa, apenas são palavras soltas, sozinhas numa Terça-Feira.


No buraco sem fim
Onde um dia caí
Há algo
Que preciso encontrar
Um pedaço de mim
Que quero lhe entregar
Uma verdade
Da qual ainda não fugi
Uma realidade
Que - por enquanto
Não distorci
J.P.L.Campos

Adão e Eva? Adão e Ivo? E a Ava...?

Blogs são ótimas ferramentas de expressão. Mas as vezes certas pessoas se expressam... hum... demais. hs

Achei isso num blog cristão - nada contra o cristianismo (mas tudo contra intolerância e fanatismo) - e não tem como eu deixar isso simplesmente passar.

O blog dizia:

"Lá vem a mídia dinovo nos enfiar homossexuais goela abaixo.... é como dizem: Se homossexualidade fosse coisa normal, Deus havia criado Adão e Ivo. Ta amarrado três vezes!!"

Depois disso só posso dizer uma coisa:

Adão e Ivo?
Coitada da Eva, e onde fica a Ava na história?

Cada um que me aparece...

sábado, 1 de agosto de 2009

The Msn Song!!!

Isso surgiu do nada num Sábado muito desocupado.

É minha primeira composição em Inglês e na realidade não é só minha.

Tenho que agradecer a algumas pessoas pela ajuda fundamental na criação dessa emocionante obra. Ao Matheus pelas rimas de palavras impossíveis, ao Rafael por mais rimas e pelas correções de minha gramática imperfeita, ao Cordeirinho que não queria estar aqui mas não pude evitar, e especialmente a Anna - minha primã irmã - pela hora dispensada em minha companhia fazendo o ardúo "parto" de nossa primeira canção!

The Msn Song
These Saturdays are running in my face
And everybody is telling me that is too late
My crazy clocks just wanna see me free
But nobody ever asked me
If I would like to change my future or just let it be

On this weekend I just wanna dance
But my heart says "Theres no chance"
When it rains I can feel the pain
It's the price if I wanna have a gain
My friends say let go
But I ever and forever will follow my soul

What Can I say?
What Can I do?
When I'm so far away, but my heart are on you?

On this weekend I wanna have fun
But without you make this damn
The times pass and pass
And my Saturday seems so less

"Sorry" I say
But without my love
There's anyway
But without my love
There's no Saturday

This is the Msn's Song
Something is Wrong
But I don't matter
Sometimes wrongs makes me better
J.P.L.Campos and Anna Marcia
(:

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ignorâncias a parte...

Hoje me deparei com declarações e ações nada agradáveis.

Vi um homem desprezando a cultura indiana, dizendo que os habitantes daquele país são "loucos".
Falta de respeito maior ele não poderia cometer. É péssimo quando uma pessoa de cultura diferente critica os costumes de um outro povo, isso é o cúmulo da ignorância.

O mesmo homem depois criticou a ação de alguns veterinários que castrariam elefantes. Ele disse que deveriam é castrar os veterinários, para que eles virassem "mocinhas". Como se a masculinidade de um homem residisse em seu orgão sexual. Como se um homem de sexualidade duvidosa tivesse menos pau que "machos" como esse que fez essas declarações.

E ainda por cima, não satisfeito, insinuou que homossexuais só são capazes de trabalhar como manicures, cabeleireiros ou maquiadores. ¬¬ - Não desmerecendo essas profissões, afinal, são essenciais para todos os membros da sociedade, mas sinceramente, pretendo cursar a faculdade, e isso não me torna menos ou mais heterossexual.

E para encerrar o dia com chave de ouro, uma psicóloga carioca foi advertida por "Vender" a cura do homossexualismo.
Cura?
E desde quando isso é uma doença? Se for, espero que também incluam a gravidez nessa lista de doenças não controláveis.

E sinceramente, se houvesse uma cura para "a doença", eu diria muito obrigado, nunca me senti tão bem em toda minha vida.

(:

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Uma ópera e um poema

Certa vez Bentinho disse que a vida é uma ópera.
Sim.
Se a vida do traído (pobre da Capitú, estigmatizada para a eternidade) é uma ópera.
Pois bem,
Farei da minha um poema!

E assim começa...

O plano inicial não era publicar aqui, mas vi que não haverá outro meio.

Não sou muito bom com sinopses, portanto mandarei a história diretamente (:
Talvez atualize diariamente, talvez não. Mas para os próximos dias de gripe, há texto suficiente!


(recorte aqui) ------------------------------ (recorte aqui)

Senhora de Luar
J.P.L.Campos
Capítulo 1
O Senhor do sétimo raio

Era pouco mais de uma da tarde quando os oito garotos se encontraram no portão dos fundos do colégio. Era inverno e havia uma fina camada de neblina que encobria a copa das árvores mais altas.
Os três meninos e as cinco meninas haviam cabulado as aulas de depois do almoço para poderem comemorar o aniversário de Gabriel que completava dezessete anos naquele dia.
Todos estavam montados em brilhantes bicicletas de última geração, que reluziam quando alguns raios do tímido sol de junho atravessavam a barreira de nuvens que os encobria.
Os oito iam para seu lugar secreto. Uma clareira no bosque que ladeava a cidade. Era um lugar tranqüilo, livre de inspetores ou aulas chatas, nem mesmo os celulares funcionavam naquele ambiente tão distante de tudo.
Ao chegarem, eles largaram as bicicletas em um canto qualquer, estenderam a toalha xadrez, sentaram-se em um círculo imperfeito e tiraram das mochilas algumas guloseimas e refrigerantes.
- O que é isso pessoal? – perguntou Gabriel com sua voz sonora – Refrigerantes? Hoje é meu aniversário, deixem que eu sirva a bebida.
Abrindo sua mochila ele tirou uma garrafa de Vodka e alguns copos de plástico.
Os meninos bradaram de felicidade, duas garotas trocaram olhares significativos e risinhos. Apenas Helga Dramini, uma garota ruiva de olhos verdes muito expressivos, fez careta.
- O quê há com você minha linda? – perguntou Gabriel se aproximando da menina – não gostou da surpresa?
- Surpresa? – desdenhou Helga – não poderia esperar algo mais previsível e desprezível de você Gabriel.
- Parem com isso vocês dois – Interrompeu Hórus, o mais velho de todos do grupo. Sua rala barba lhe conferia certo charme que era acentuado por seu cabelo castanho que lhe caía sobre os olhos muito azuis e misteriosos. Seu nariz fino era algo quase feminino assim como seus lábios rosados e perfeitos. – Hoje é dia de diversão Helga, se você não quiser beber eu te acompanho. Prometo
- Ótimo, porque eu não me aproximarei dessa garrafa.
- O quê? – surpreendeu-se Lyn Costa, uma garota de brilhantes cabelos negros tão curtos quanto os de Gabriel. Seus miúdos olhos castanhos semi-cerrados de raiva eram tão assustadores quanto seus lábios finos muito crispados. Ela não era muito alta, nem muito bonita.
Sua beleza era peculiar, um misto de mistério e sedução. – Você não vai permitir que essazinha destrua nossa festa, vai? – desafiou a menina.
- Ninguém vai destruir nada, e como prova disso, também não beberei – disse Marcos, o melhor amigo de Gabriel.
- Ah Marcos, você vai beber sim, nem que eu tenha que enfiar-lhe a Vodka garganta abaixo.
- Eu não beberei – disse Marcos - entretanto, eu trouxe algumas diversõezinhas para nós.
Ele tirou do bolso um pacote e despejou na palma de sua mão uma dúzia de comprimidos.
- Alucinógenos? – os olhos de Bia brilharam de felicidade. Ela era a namorada de Gabriel, assim como de Marcos e de Gustavo. Não havia ciúmes entre eles, era um tipo de relacionamento moderno, muito popular entre os jovens daquela época.
- Ótimo – disse Helga em tom de protesto – Meus amigos são um bando de drogados e de prostituídos.
- Deixe de reclamar Helga – disse Marcos abraçando a menina pela cintura – todos nós sabemos que você já dormiu com todo o time de futebol. – Ele então se aproximou da menina e beijou-a.
Ela o empurrou e disse:
- Mas que ousadia a sua. Quem você pensa que eu sou? A Bia?
- Certamente você não é como eu – disse Bia – Não sou tão fácil quanto você – riu-se a menina.
- Eu fácil? Imagina, são seus olhos. – Helga então se virou para Marcos e disse:
- Jamais faça isso novamente, deixe que eu te beije.
Ela então o segurou pela cintura e seus lábios se fundiram.
Gabriel abriu a garrafa de Vodka e distribuiu copos entre todos. Como havia prometido Hórus não bebeu, entretanto, ingeriu dois comprimidos de alucinógeno, tirou da mochila uma carteira de cigarros, que ele distribuiu entre todos, inclusive à Helga.
Pouco tempo depois todos estavam muito diferentes.
Gabriel não largava seu copo e cantava uma canção da época de seus pais; sua camiseta já havia sido rasgada por Bia que estava seminua beijando enlouquecidamente Hórus que tinha o cinto aberto. Lyn Costa tentava fugir de Virna, sua colega de classe lésbica. Virna mantinha um sólido relacionamento de três anos com Jaqueline, mas ela estava muito ocupada desmaiada ao lado de Marcos e de Helga que pareciam ter se fundido em um só corpo em meio à grama seca.
Muito tempo depois, lentamente o efeito do álcool, do cigarro e da droga passou.


A primeira a voltar a si foi Jaqueline. O desmaio pareceu ter revigorado-a. Marcos havia pegado no sono a mais de duas horas e não dava sinais de que iria despertar tão cedo, Bia e Helga tentavam resolver uma equação de matemática que deveria ser entregue na próxima aula, Hórus e Gabriel conversavam e riam de coisas completamente irracionais, Lyn Costa e Virna agora riam de uma mariposa que tentava inutilmente levantar vôo, algo realmente vão, pois Virna havia partido suas duas asas.
Repentinamente Gabriel saltou de seu lugar e aproximou-se de Marcos. Ele chutou seu amigo com violência, entretanto o menino não se moveu.
- Tenho uma idéia, - disse Virna aproximando-se de Marcos com a garrafa de Vodka na mão – ela então verteu o que sobrara do precioso líquido garganta abaixo do menino que se engasgou e levantou xingando a menina de todos os nomes feios possíveis.
- Você está louca? – gritou ele para Virna
- Foi o Gabriel que mandou – mentiu a garota
- Que droga! Ainda não são seis horas, porque já temos que ir embora?
- Não vamos embora – disse Gabriel – vamos brincar
Os olhos de Marcos brilharam e ele pareceu entender o que o amigo quisera dizer.
Ele pegou sua mochila, retirou oito velas vermelhas e oito velas pretas de dentro, um crucifixo e um pentagrama.
Marcos dispôs as velas em circulo e dentro dele afixou o pentagrama no solo com o crucifixo sobre ele.
Sem dizer palavra alguma todos os oitos se reuniram ao redor das velas, deram-se as mãos e fecharam os olhos.
Como era inverno, antes das cinco da tarde o sol já teria se posto. Eram quatro e cinqüenta. As sombras começavam a se estender e o vento frio a soprar.
- Eu, Marcos – começou o menino – invoco-os Altos espíritos. Ordeno que se manifestem nesse círculo mágico. Pelo poder da água, da terra, do ar e do fogo.
- Si se talal se talaal – disseram todos em uníssono.
Uma lufada de vento particularmente forte derrubou uma vela que incendiou a toalha xadrez. Por estarem de olhos fechados eles não perceberam o que haviam acontecido.
- Vocês sentem? – sussurrou Helga – o calor dos espíritos?
- Sim, eu sinto – disse Gabriel.
A chama se alastrava pelas folhas secas que cobriam o solo, e já ultrapassava o circulo.
Talvez tenha sido o efeito das drogas e do álcool, talvez tenha sido descuido, talvez tenha sido a magia, não se sabe como, mas quando eles perceberam o que havia acontecido, o bosque já estava em chamas.
O desespero então tomou conta de todos, a fumaça dificultava visão na escuridão crescente, havia ainda a gritaria das meninas que não sabiam para onde fugir, e para piorar, galhos em chamas caíam constantemente do alto das árvores.
O primeiro a encontrar a estrada foi Gabriel que permaneceu um bom tempo sozinho sem saber o que fazer. Logo Marcos o alcançou seguido de Bia que acompanhava Virna. A roupa das meninas estava chamuscada e em várias partes já havia sido consumida pelas chamas. Havia uma feia queimadura na mão de Bia e o cabelo de Marcos que era longo e brilhante foi reduzido pela metade e seu pescoço estava na carne viva.
Jaqueline repentinamente surgiu por entre as árvores uns cinqüenta metros à esquerda. Ao avistar os amigos a menina desmaiou intoxicada pela fumaça enquanto as chamas consumiam sua perna. Os garotos correram para socorrê-la, mas era tarde, Jaqueline estava morta.
A brincadeira de aniversário custou muito mais do que os adolescentes haviam previsto.
O funeral da menina foi doloroso e hostil. Todos pareciam condenar Gabriel pelo ocorrido, apesar dele estar sentado em uma cadeira de rodas (sua perna esquerda fora quebrada por um galho em chamas que despencou sobre ele e Marcos). Bia e Virna permaneciam no hospital, os pulmões das duas meninas haviam sido permanentemente danificados, e elas não puderam se despedir de Jaqueline.
Marcos teve que ser internado às pressas numa clínica psiquiátrica, pois uma crise de pânico o havia acometido.
Os especialistas diziam que presenciar a morte de alguém próximo poderia resultar num transtorno incurável, apenas controlável.
Entretanto, os problemas dos cinco pareciam ínfimos quando comparado com os da família de Lyn Costa, Hórus e Helga. Os três ainda não haviam sido encontrados.
As buscas pelo bosque haviam mobilizado meia cidade, policiais, parentes, amigos e curiosos colaboravam na desesperada caçada pelos meninos. O fogo parecia ter levado consigo qualquer esperança possível, deixando para trás apenas cinzas e dor.
Nem mesmo um pedaço de roupa rasgada foi encontrado, nem uma parte do uniforme escolar que eles trajavam naquela tarde. O que restou, foi o resto retorcido das oito bicicletas, como se fossem um monumento à desgraça, o único indício de que eles haviam estado ali, pois fora isso, nada foi achado durante as três semanas e meia de busca, quando a polícia concluiu que eles haviam sido carbonizados e nem mesmo seus ossos escaparam à fúria das chamas que lambiam tudo o que encontravam à sua frente, e isso incluía os três garotos.
Mas, poderia ter sido o fogo tão voraz e tão avassalador ao ponto de levar consigo três vidas e não deixar pára trás nenhum indício de sua ação?

Mentiras

Por quantas e quantas vezes a mesma história terá de repetir-se para que pelo menos um de nós aprenda alguma coisa?

Por quantas e quantas vezes uns terão de chorar para outros triunfarem?

Por quantas e quantas vezes um terá de mentir para o outro e o outro terá de mentir para um até que se chegue a algum lugar?

Por quantas noites viveremos esse mesmo filme?

Por quantos sonhos ainda teremos de caminhar até o final?
Seja ele feliz ou não?

Quando poderemos ser apenas nós? E vocês apenas vocês? Sem noites perturbadas e repletas de mentiras mal contadas?

Minha mentira, suas mentiras, Nossas mentiras.... ( para se pensar - pela terceira vez )

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Frustrações

E quando nada dá certo?
E quando todas nossas expectativas são frustradas?
E quando nossas esperanças repentinamente se esvaem?
E quando se colocou tudo a perder e realmente se perdeu?
E quando tudo parece desabar?

Pior do que perder é se frustrar.
Todos estamos mais do que acostumados a perder tudo em alguns momentos de nossas vidas, mas quando se dá muito ou tudo de si para uma causa não espera-se perdê-la. Quando tudo parece tão certo é o pior momento para se arruinar. Pois não se perde apenas algo, você se perde. Você se frustra.

É como estudar durante todo um ano e não ser aprovado no vestibular; como apostar tudo numa relação e ela ir por água abaixo; como confiar em alguém, mas logo descobrir que não era alguém confiável; como se entregar, mas ninguém se entregar por você; como arriscar uma nova vida e nada dar certo.

E a pior parte de se frustrar?
A parte em que você tem de se reerguer, mas não encontra mais forças para isso, pois deu tudo de si em uma causa que você não sabia, mas já estava há muito perdida.

É frustrante estar frustrado.

Diário da Gripe Suína - 1° Dia

Há alguns meses quando ainda pouco se falava sobre a gripe suína, quando a doença era apenas uma preocupação norte-americana, quando aqui ainda era outono e quando ainda eram poucas as mortes eu dizia: "Gripe Suína? Isso nunca vai chegar por aqui."

Hoje estou de "quarentena de vinte dias" imposta pelo governo.

O dia de hoje não está muito frio, mas também não está quente, e venta muito, o que manteve as portas e janelas de minha casa fechadas. Por mais que o ministério da saúde recomende, não há como deixar a casa "respirando", de qualquer modo temos que respirar um ar parado.

E tenho minhas dúvidas em relação à essa história de que com a chegada do calor os casos diminuirão. Pois hoje foi registrado o primeiro caso no Nordeste, e as casas daquela região são muito bem ventiladas, o que não impediu a transmissão do vírus.

Hoje também vi muita coisa na televisão, nos jornais e na internet. Especialmente sobre o uso de máscaras. Os médicos sempre dizem que usa-las não garante nada, que elas não são uma proteção contra o vírus e que ninguém está seguro com algo tampando boca e nariz. Mas eu digo o contrário, estamos seguros sim.

Não é o efeito real da máscara que é importante para as pessoas, mas sim o efeito moral, psicológico. Todos sabem que estão expostos à doença com ou sem a máscara cirurgica, mas utilizando-a as pessoas se sentem mais seguras. Mais seguras para falar, caminhar na rua, pegar um ônibus ou metrô, enfrentar uma fila no banco ou até mesmo só para sair de casa. O medo também é um aliado da gripe suína.

Li também que os governos europeus estão considerando a possibilidade de não retorno às escolas em setembro. Os alunos teriam aulas virtuais, o que impediria o contágio de muitas pessoas em ambientes fechados. Sinceramente a ideia me agradou e muito, pois não acredito que a situação melhorará até dia 17. Esquentando ou não, os casos parecem só aumentar.

Logicamente para nós brasileiros há uma outra solução: Aprovar a todos os alunos, desde o berçario até a pós-graduação!

E assim vão correndo meus dias de gripe suína por aqui, e tenho umas considerações que achei mais pertinente deixar para o segundo dia do diário, antes que isso fique muito extenso!

PS: Ontem fui dormir com uma dor de cabeça muito forte...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Momento Gripe Suína

Piadinha pronta de última hora:

E a gripe suína fez mais uma vítima aqui em São Paulo: Minhas Aulas!!!

USP, Unesp e Unicamp? Só dia 17 !

Isso se as aulas voltarem...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sobre mudanças, diferenças e coragem.

Há tres coisas realmente difíceis de se compreender na vida: mudanças, diferenças e a coragem para tornar a existência dessas outras duas possível.

Amamos mudar, e sempre mudamos. Seja o corte de nosso cabelo, a roupa que usamos, a casa em que moramos, a cidade em que vivemos e até mesmo nossa personalidade. Mudar sempre torna o indivíduo diferente do que ele era. Mudanças criam diferenças, e diferenças nem sempre são bem vistas. Sempre queremos mudar, mas realmente sabemos como fazer isso? Ou somos capazes de entender e respeitar o pessoal do outro?

Estamos prontos para aceitar diferenças?

Quantas vezes por dia vemos e ouvimos e até mesmo presenciamos momentos de intolerância? Seja ela racial, religiosa, sexual ou de qualquer outro tipo. Quantas vezes não sabemos de grupos (sempre maiores) que recriminam o outro (sempre o menor)?

Somos diferentes. E hoje mais do que nunca. Vivemos a sociedade do indivíduo e do individual, que cada vez mais se distancia do coletivo. Somos empurrados para dentro de nossos próprios sentimentos e somos "arrancados" das expressões grupais. Somos obrigados a criar personalidade própria e única. E nascemos uma nova espécie de ser humano que a cada segundo se transforma num homo sapiens que jamais existirá novamente.

Sob essa mentalidade nasce o Cristão, o Muçulmano, o Hindu, o Branco, o Índio, o Rico, o Pobre, o Hétero, o Gay, o Emo, o Punk, Eu e Você. E consequentemente e inevitavelmente surgem as diferenças e os diferentes. Viver essa multiculturalidade não é algo negativo, pelo menos não deveria ser. Esperava-se a troca de sentimentos, ideologias e culturas, pois afinal, o diferente sempre tem muito a acrescentar.

No entanto, na prática não é o que se vê. A humanidade apesar de cada vez mais individual ainda não se desprendeu totalmente do sentimento de coletividade e de ideais da maioria. O que se vê e se vive é uma sociedade que cria o indivíduo diferente para ser oprimido. Seja pela maioria Cristã (pelo menos no Ocidente) julgando as outras religiões, seja pelo Branco discriminando o Negro, seja pelo Heterossexual reprimindo e intolerando o Gay.

E assim surge o maior paradoxo existêncial: Há uma sociedade que valoriza o individual, e assim nascem as diferenças. No entanto essa mesma sociedade despreza o diferente prendendo-se nesses momentos à coletividade que ela própria tenta ultrapassar. Somos mais Barrocos do que os próprios Barrocos foram!

E é aí que entra a coragem. Coragem para assumir sua individualidade e seu aspecto diferente. Coragem para se aceitar distinto dos demais e igual a todos, pois nenhum é igual ao outro, o que existe são maiorias. Coragem para enfrentar àqueles que ainda temem o diferente e só sabem reprimi-lo.

Se a sociedade nos empurra para a individualidade e cria o individual, então empurremos-a para aceitar seu próprio fruto. Sejamos a reação de sua ação.

Mudemos, sejamos diferentes e únicos!

Afinal, o que seria do azul se todos gostassem do amarelo?

sábado, 25 de julho de 2009

Minha geração, sua geração

Pensar e agir ou ser diferente das pessoas que me rodeiam sempre foi positivo, mas hoje isso parece ter mudado.

Reuniões de família são sempre a mesma coisa: "Nossa como você cresceu!" "Nossa. Você tá só estudando?" "E faculdade? Vai fazer o que?" E a pergunta clássica: "E a namorada? Tá Namorando?" ¬¬' .

E quando não se é muito semelhante aos demais, começam a censurar sua existência, a criticar suas opções e a reprimir seus pensamentos.

Quando se é criança os adultos podem dizer o que pensam e os coitados dos mais jovens são obrigados a concordar (tadinhos). Mas um dia todos crescem, criam personalidade própria e caráter. No entanto aqueles mesmos adultos permanecem os mesmos com as mesmas ideias e princípios, enquanto as crianças crescidas começam a expressar suas visões e pensamentos... ah, é aí que começam os problemas.

Hoje como nunca entendo aquela expressão que fala sobre "Conflito de gerações".
E diria que não é apenas um simples conflito, mas sim um massacre de gerações, onde a mais velha julgando-se onipotente reprime a mais jovem, não compreendendo-a e rejeitando seus ideais. E a mais nova, muito mais sensanta apesar de menos experiente, não leva esses debates adiante pois conhece o final desse filme muito bem: " Sou mais velho que você. Você não sabe de nada garoto."

E é assim que nos pegamos sozinhos com nossos pensamentos em quartos escuros em pleno sábado a noite...

( Quem foi o velho que disse que os mais velhos sempre estão certos? )

Uma verdade feita de mentiras

Contar uma verdade através de uma mentira não é a melhor maneira de se expressar. Usar truques para conseguir resultados e, justificar os meios pelos fins nada faz além de destruir relações.

Para se pensar...(de novo)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Seco e Vazio

Hoje estou mais seco do que o solo do nordeste e mais vazio do que represa de hidrelétrica em época de estiagem...

Quem sabe amanhã!

Muita Sopa e Camisinha

Hoje acredito ter encontrado a noticia mais estranha que já vi:
Americano encontra camisinha em sua sopa. =O

E para piorar, ela estava usada, e como se isso não bastasse, ele a mastigou.

Ai que horror!

Depois dizem que eu sou estranho...´

Quem quiser ler a notícia...
http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL1240460-6091,00-AMERICANO+ENTRA+COM+PROCESSO+APOS+ENCONTRAR+CAMISINHA+EM+SOPA.html

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Tic Tac

Durante todos os dias dessa semana e da semana passada duas notícias têm se destacado das demais: As comemorações dos 40 anos da chegada do homem à Lua, e a crise em Honduras.

Muito tem se falado sobre a volta do homem à Lua, sobre os projetos para a primeira viagem à Marte, sobre as agências espaciais de diversos países e sobre avanços tecnológicos dignos de Steven Spielberg. E por outro lado mais ainda tem se falado sobre o regime militar instaurado no pequeno país da América Central, sobre golpes e deposições.

E então eu penso: esse planeta não está acompanhando o mesmo relógio.

Enquanto as inovações e as novidades fervilham de um lado, o retrocesso corre solto no outro. Enquanto uns olham para cima, para o infinito, outros se fecham dentro de si e de seu cada vez mais isolado país. Enquanto uma parte do mundo tenta correr em direção ao futuro, outra insiste em se prender ao passado.

Quantas vezes não escutamos o mesmo discurso de repúblicas instáveis?
Quantas vezes não assistimos à deposições e imposições?
Quantas vezes o mundo perdeu com esse tipo de política?
E quantas vezes mais precisaremos passar por esse tipo de situação até entendermos que não se resultará fatores positivos?

O mundo está descompassado, os ponteiros correm em direções opostas. E enquanto o futuro se abre para alguns, o passado se repete como num disco arranhado para outros.

O futuro já começou? Sim! E o passado também!

Derrotas... Vitórias... E assim caminhamos

Reconhecer uma derrota não é a coisa mais fácil de se fazer. Mas é necessária.

A vida não é feita apenas de Sim, há muitos Nãos pelo caminho. E entender e aceitar essa realidade é pura questão de maturidade.
Deixar as coisas irem embora é muito melhor do que se apegar àquilo que não te pertence mais, àquilo que deseja partir.

Ater-se a causas perdidas é tão prejudicial quanto perder. Então, porque insistir na derrota enquanto ainda se tem muitas vitórias a serem conquistadas pelos longos caminhos à frente?

Só para se pensar...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Enem? Eu heim!

E hoje cedo ao ler o jornal quase me engasguei com um pedaço do pão que comia. (Se fosse rico seria pão de centeio, mas no meu caso era francês mesmo. Prefiro os Franceses!).
Havia uma manchete que dizia: ENEM tem 4,5 milhões de inscritos em 2009.

Daí eu pensei: Puts, 4,5 milhões de pessoas concorrendo a algumas centenas de vagas nas federais. Legal, concorrência: 100 por vaga.

E imaginar que há poucas semanas eu e o caro João Pedro (emo) ríamos do novo ENEM, dizíamos que seria muito fácil e avacalhado. E acreditávamos já aprovados em uma universidade federal. Ai, ai, rimos cedo demais.

ENEM?

Vou estudar pra Fuvest, pelo menos lá a concorrência de Jornalismo é 36 por vaga.

Pensamento Insano do dia

"De que vale saber ler e escrever se o olhar só vai ver a estética das letras? O que importa não está na forma delas, mas no conteúdo que transmitem. O que for dito com o coração vale mais do que o que for dito formalmente."

Tá bom, eu admito, eu leio meu horóscopo.

Não que eu acredite que previsões astrológicas coletivas funcionem, mas as vezes esse pessoal que escreve sobre astrologia cria umas frases tão profundas que começo a desconfiar que eles são filósofos.

Ou seja, astrologia não é futilidade, astrologia é filosofia! A filosofia mais curta que já vi em toda minha vida!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um estranho país de problemas sociais insanos

Hoje fui à casa de uma tia no subúrbio de minha cidade, e vi algo nada agradável. Em uma praça onde deveria haver um campo de vôlei com pessoas jogando vôlei havia três meninos, de aproximadamente 8 ou 9 anos. Até aí tudo bem, mas então um deles com um movimento rápido levou um cigarro à boca e o tragou, passou o cigarro para seus outros amigos e ali ficaram essas três crianças a fumar.

Logo à frente havia uma roda de adolescentes, fumando também, mas estou fortemente inclinado a acreditar que aquela fumaça desprendida não provinha de um cigarro comum. Aqueles garotos não deveriam ser mais velhos do que eu.

E então pensei: Nossa, que coisa horrrível de se ver.


Me esforço, mas sinceramente não consigo entender o que leva pessoas tão jovens a atos tão inconsequentes. Não entendo porque esses garotos não estavam conversando sobre coisas sadias, ou praticando algum esporte, ou lendo um livro, ou jogando video game, fazendo coisas que se espera de uma criança e de um adolescente. Não entendo.


Não entendo como os pais dessas crianças não enxergam essa situação, e se enxergam, porque não agem. Não entendo que tipo de cultura pode criar adolescentes tão auto-destrutivos, e claramente sem nenhuma perspectiva de vida. Não entendo e tenho medo de entender o que se passa na mente dessas pessoas. Pessoas que não deveriam ser diferentes de mim.


Dizem que sou preconceituoso por não me relacionar com certas pessoas, dizem que sou arrogante por acreditar que essas pessoas estão fazendo as escolhas erradas, dizem que estou errado por querer opinar sobre as escolhas alheias. Chamam de preconceito e arrogância meu olhar crítico sobre a sociedade.

Se arrogância e preconceito é desejar um país melhor onde eu não ande pelas ruas temendo um assalto a cada esquina, então sou arrogante e preconceituoso. Se arrogância e preconceito é desejar ver crianças na escola e adolescentes em atividades construtivas, então sou arrogante e preconceituoso. Se arrogância e preconceito é não se acostumar a ver pessoas da minha idade fumando cigarros muito suspeitos em locais públicos então sou arrogante e preconceituoso.

Se arrogância e preconceito é não virar as costas para todos esses problemas sociais como fazem aqueles que me chamam de arrogante e preconceituoso, então, digo em alto e bom som: Sim, sou arrogante e preconceituso, pois vivenciar esse tipo de situação às 7 da noite é um bom motivo para isso.

domingo, 19 de julho de 2009

Domingo estranho

Esse deve ter sido o dia mais improdutivo da minha vida. Acordei tarde, almocei tarde, dormi de novo, assisti Marley & Eu, dormi de novo e agora estou aqui. E com sono de novo.

Obviamente algo produtivo não poderia sair. Quem sabe amanhã...

sábado, 18 de julho de 2009

Um estranho mundinho com um estranho chamado vestibular batendo à porta

Há um ano atrás estava decidido que seria engenheiro. Um belo e bem sucedido engenheiro industrial químico. Eis que chegou a temida primeira fase da Fuvest. Se temi? Sim, mas passei, e com uma larga vantagem à frente de muitos concorrentes, o que logo me animou para a breve segunda fase.
No entanto, minha aprovação foi graças ao meu bom desempenho em humanas, e minha segunda fase seria apenas exatas. E foi.

Aquela semana foi trash, e muito. Almocei mal, dormi mal, mal relaxei, mal me concentrei, sei lá, tudo foi mal e mau. Inclusive meu desempenho nas provas da segunda fase, jamais me esquecerei o fiasco da matemática.

Sim, eu não fui aprovado. Não, eu não cortei meus pulsos ou algo parecido. Apenas fiquei triste, e muito, parecia que estava fadado ao eterno subemprego e a uma família com uma esposa gorda e cinco filhos correndo atrás de mim. Temi.

E agora, há um mês das inscrições da Fuvest ainda não sei muito bem o que eu quero de minha vida. Jornalismo? Talvez.

Minha única certeza é a de que mais uma vez estou esperando muito de mim mesmo, e o vestibular já se aproxima, e todo o temor que ele carrega também, e toda a pressão e toda a expectativa.
Não posso perder mais um ano, temo novamente. Mas gostaria que todos entendessem que não será a Fuvest que determinará minha vida, não acordarei outro homem por ser aprovado, ou reprovado. Continuarei João, buscando algo que ainda não sei o que é.

Se meu caminho me levar à USP, beleza, se não levar... há outros caminhos há se seguir.

Um estranho mundinho cheio de dúvidas insanas

" Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas."
Comercial do canal Futura


Tenho dúvidas, e muitas. Não sei do universo, não sei muito da vida, não compreendo a existência e ainda menos quem sou eu. E por isso questiono.
Questionar é essencial, o que seria de nós se não houvessem se questionado sobre a chuva, o sol e o vento? E sobre o céu, o inferno e Deus?
Me questionei, e continuo a me questionar. Encontrei algumas respostas, outras ainda correm longe de mim, mas o que realmente importa não são as respostas, os resultados, mas sim as perguntas que faço.

Alguns tem me perguntado então: " Para que se questionar tanto? Isso não leva a nada."

" Para que se questionar tanto? Ninguém tem as respostas"

Tenho duas coisas a dizer a essas pessoas, não a esses indivíduos, mas às pessoas que nutrem esse tipo de pensamento: " Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas." ( Amei essa frase do canal Futura)

E... Tudo bem, ninguém tem as respostas para todas as perguntas, mas, enquanto isso, porque não procurá-las?

Perguntar é essencial, responder é... sei lá, um bom motivo para mais uma questão.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um estranho mundinho insano cheio de atos não pensados

Pensar antes de agir nunca foi uma de minhas qualidades. No impulso de chamar a atenção para mim, e fazer-me notável cometo alguns erros de percurso, alguns superficiais, outros profundos...
Me magoo por magoar, e se pudesse fazer de novo, voltando poucos, pouquíssimos minutos, eu voltaria.
Às vezes minha balança pesa de forma errada, e quando devo escolher pelo certo e seguro, pelo fiel e profundo, cometo o erro e escolho pelo incerto, pelo superficial, pelo que sei que jamais será meu...

Nunca fui muito bom com pedidos de desculpas, mas às vezes temos que lidar com coisas desse tipo... Desculpe-me

Definitivamente, esse é um estranho mundinho insano!

Deja-vú? Sim, eu já vi!

sábado, 11 de julho de 2009

Augen Auf

Eddie a viu, mas ao mesmo tempo não viu – como se parte de seu cérebro se recusasse a vê-la, como se vê-la o levasse à compreensão e da compreensão à loucura.
A Torre Negra

Livros me fascinam. O simples toque de suas folhas secas, o peculiar cheiro de suas páginas, às vezes alvas, às vezes amareladas, às vezes um pouco enegrecidas pelo tempo… Livros têm o poder de penetrar no mais profundo de nossas mentes e ali construir ninhos, plantar ideias e enraizar sentimentos.

Livros me fazem refletir, alguns profunda e constantemente, outros supercial e rapidamente;
O trecho do volume três de “A Torre Negra” que postei logo acima me fez refletir. Não pela primeira vez em relação a esse tema, mas me trouxe à mente a lembrança de um sentimento que às vezes me esqueço de sentir: o incômodo.

Muitas coisas me incomodam, tantas que não me prolongarei sobre isso. Não dessa vez. E dentre todas as coisas que me incomodam, existe uma que merece lugar de destaque, algo que me aborrece e que me entristece ao notar como se dissemina pelo mundo: A cegueira.
O mundo parece ter desaprendido a ver. Ele enxerga, entende, mas não vê em profundidade, não reflete sua condição, sua existência, afinal, o que há para se notar?

E então me veio esse trecho, desse fantástico livro, desse magnífico autor, e me fez compreender algo que aos poucos começava a entender: o mundo deixou de ver não por simples capricho da natureza, mas por vontade própria.

Ver é enxergar além do que se está à frente, além do que se pode tocar. Ver é entender e empreender a alma, o sentido, o sentimento das coisas, do mundo. E ver (em profundidade) leva à reflexão, e a reflexão leva ao pensamento, e o pensamento ao questionamento.

Ou seja, deixar de ver em profundidade foi uma escolha, é uma escolha, a escolha daqueles que não querem se ver confrontando questões de maior complexidade, questões que tocam no mais profundo da existência, a escolha dos que temem. Que temem a compreensão.

“Eddie a viu, mas ao mesmo tempo não viu – como se parte de seu cérebro se recusasse a vê-la, como se vê-la o levasse à compreensão e da compreensão à loucura.”
Terá o medo da total compreensão feito o homem deixar de ver? Feito-o se esquecer de questionar?

Sim, isso é o que mais me parece lógico. Pensar me levou à essa conclusão, à essa compreensão.
E se a compreensão me levar à loucura, tudo bem, serei louco, mas um louco pensante!