sexta-feira, 25 de novembro de 2011

00:13

O som do último ônibus é o mesmo som do primeiro metrô: O silêncio sepulcral do cotidiano.
Uma mudez mórbida do sono sem sonhos. Sempre escutada no escuro da cidade onde os homens se calam e dormem.
Antes do amanhecer, como peças do mecanismo, caminham sem pensar as ruas de pedra e as máquinas subterrâneas, sem proferir palavra alguma, pois ainda buscam o sono que lhes foi tirado pelo relógio da obrigação.
Quando o hoje já se torna amanhã retornam mais silenciosos do que foram, pois não resta força alguma depois das horas de exploração. As intermináveis horas de mecanicidade sem permissão ao pensamento.
Eles dormem então, um sono tão profundo que nenhum trepidar, nenhuma explosão na avenida os desperta. Exceto o ponto final, o retorno para a cama.
Cama da qual se levantam antes mesmo de se deitarem, pois o dever lhes rouba o sono. Rouba o apetite da vida. Rouba a existência.
Eles estão mortos então.
Em São Paulo, a cidade dos mortos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário