sábado, 11 de julho de 2009

Augen Auf

Eddie a viu, mas ao mesmo tempo não viu – como se parte de seu cérebro se recusasse a vê-la, como se vê-la o levasse à compreensão e da compreensão à loucura.
A Torre Negra

Livros me fascinam. O simples toque de suas folhas secas, o peculiar cheiro de suas páginas, às vezes alvas, às vezes amareladas, às vezes um pouco enegrecidas pelo tempo… Livros têm o poder de penetrar no mais profundo de nossas mentes e ali construir ninhos, plantar ideias e enraizar sentimentos.

Livros me fazem refletir, alguns profunda e constantemente, outros supercial e rapidamente;
O trecho do volume três de “A Torre Negra” que postei logo acima me fez refletir. Não pela primeira vez em relação a esse tema, mas me trouxe à mente a lembrança de um sentimento que às vezes me esqueço de sentir: o incômodo.

Muitas coisas me incomodam, tantas que não me prolongarei sobre isso. Não dessa vez. E dentre todas as coisas que me incomodam, existe uma que merece lugar de destaque, algo que me aborrece e que me entristece ao notar como se dissemina pelo mundo: A cegueira.
O mundo parece ter desaprendido a ver. Ele enxerga, entende, mas não vê em profundidade, não reflete sua condição, sua existência, afinal, o que há para se notar?

E então me veio esse trecho, desse fantástico livro, desse magnífico autor, e me fez compreender algo que aos poucos começava a entender: o mundo deixou de ver não por simples capricho da natureza, mas por vontade própria.

Ver é enxergar além do que se está à frente, além do que se pode tocar. Ver é entender e empreender a alma, o sentido, o sentimento das coisas, do mundo. E ver (em profundidade) leva à reflexão, e a reflexão leva ao pensamento, e o pensamento ao questionamento.

Ou seja, deixar de ver em profundidade foi uma escolha, é uma escolha, a escolha daqueles que não querem se ver confrontando questões de maior complexidade, questões que tocam no mais profundo da existência, a escolha dos que temem. Que temem a compreensão.

“Eddie a viu, mas ao mesmo tempo não viu – como se parte de seu cérebro se recusasse a vê-la, como se vê-la o levasse à compreensão e da compreensão à loucura.”
Terá o medo da total compreensão feito o homem deixar de ver? Feito-o se esquecer de questionar?

Sim, isso é o que mais me parece lógico. Pensar me levou à essa conclusão, à essa compreensão.
E se a compreensão me levar à loucura, tudo bem, serei louco, mas um louco pensante!

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