sexta-feira, 19 de março de 2010

De um lado e de outro

Há pouco a ONU divulgou mais um dos seus relatórios sociais, nos quais o Brasil, tradicionalmente, figura nas piores posições.

Os dados atuais dizem respeito às cidades com maior desigualdade social do mundo. Dentre elas, estão Goiânia, Fortaleza, Belo Horizonte e Brasília (sim, a mesma Brasília de IDH elevado). A divulgação dessa informação para nós brasileiros não chega a fazer cócegas, pois não precisamos de números de orgãos internacionais para conhecermos a realidade dos centros urbanos do nosso país, que a cada dia tornam-se mais ricos e mais pobres. Mais desiguais.

É claro que desigualdade social não é um (des)privilégio de países subdesenvolvidos, pois cidades como Washington D.C figura dentre aquelas cujo abismo entre as classes altas e baixas é mais profundo que o Grand Canion. Porém, em nações como o Brasil, esse problema toma proporções muito maiores que nos E.U.A por exemplo, uma vez que ser pobre por aqui, muitas vezes significa estar fadado a uma vida de privações com um futuro sem muitas expectativas de mudança.

No Rio de Janeiro por exemplo, uma das maiores reclamações dos jovens é quanto a educação técnica que o governo estadual lhes oferece. Pois não gera reais resultados com retorno financeiro. Empregos, em uma palavra.

De qualquer modo formar massas de técnicos alienados para trabalhar em multinacionais já é um grande erro desse país; porém, pelo menos de um emprego digno os jovens necessitam, uma vez que educação de verdade, baseada em ideias e no pensamento o governo não oferece.

E dentre o ruim e o pior, parece que tem-se eleito o pior, pois além de alienados, agora os jovens também andam desempregados. E no que isso resulta? Em mais uma geração de pobres.

Às vezes eu me indago: "Afinal, para que serve essas pesquisas da ONU? Para mostrar ao mundo desenvolvido como é dura a realidade dos pobres amigos do Sul?"

Desconfio que sim. Pois não é de hoje que nosso país é alertado quanto os problemas sociais que enfrentamos, e não tenho notado muitas mudanças nos últimos anos.

Disseram-me que a população da favela decaiu 16% nos últimos 10 anos, e que a classe média representa 51% do povo do Brasil, e que a luta pela desigualdade social vem gerando resultados, e resultados expressivos.

O engraçado é que fora da tela deste computador, não consigo enxergar essa mudança que nosso amado PT tem proclamado há oito anos. Pois a cada vez que pego um ônibus, trem ou metrô, deparo-me com uma realidade muito semelhante a essa apontada pela ONU: de um lado da janela do coletivo vejo um conversível vermelho, do outro, uma favela vastíssima, que se perde no horizonte. Nesse tal país de todos.

Um comentário: